O desempenho do Brasil no PISA não foi surpresa… A nossa nação não tem feito o dever de casa para melhorar a qualidade da educação. Faltam políticas públicas que coloquem a educação brasileira no patamar de prioridades de investimentos em todas as esferas do espaço educativo.
As desigualdades sociais são realidades presentes em todos os estados brasileiros prejudicando a aprendizagem dos alunos. A desvalorização do professor é um fato que está enraizado em nossa cultura, impactando na atração de novos talentos, formação acadêmica primorosa, educação continuada plena e reconhecimento do trabalho docente.
Em muitos locais encontramos uma atmosfera negativa no ambiente escolar que não estimula o aluno ao desenvolvimento de toda a sua potencialidade. Se não temos discentes estimulados para a realização das atividades e felizes por estarem em uma sala de aula, dificilmente irão absorver o que é proposto no processo de ensino-aprendizagem.
Existem muitas falhas no nosso sistema de ensino que não prevê recursos suficientes englobando a estrutura escolar, as metodologias, as tecnologias, a capacitação contínua de todos os atores envolvidos na educação (professores, gestores e equipe de apoio).
Logo após a divulgação dos resultados, de cada edição do PISA, ouvimos, frequentemente, as autoridades afirmando que vão direcionar mais esforços para melhorar a nossa educação, mas, infelizmente a intenção fica apenas no discurso não se colocando em prática as ações para que ocorra uma transformação educacional plena.
E o que os gestores, de cada escola, podem fazer diante destas realidades? Considero que os líderes educacionais do nosso Brasil precisam fortalecer as suas competências para colaborarem em várias frentes, pois com o pragmatismo de uma boa gestão as mudanças ocorrem.
A ação do diretor escolar tem um impacto direto nas práticas dos professores e nos desempenhos dos seus alunos. Um bom diretor contagia positivamente todos os membros da comunidade escolar aumentando as oportunidades de aprendizagem. Já o diretor, sem foco para a busca permanente da excelência, influencia negativamente todo o processo acadêmico.
Portanto, investir na gestão educacional também é crucial para elevar a qualidade da educação em nosso país. Podemos elencar 11 pontos cruciais para o diretor de uma instituição de ensino:
● Realizar um diagnóstico holístico de toda a escola, englobando o desempenho dos alunos, as competências dos professores, as metodologias de ensino que estão sendo utilizadas, as estruturas, os recursos etc.;
● Elaborar um planejamento com foco no aprimoramento do projeto pedagógico da escola, da performance dos estudantes, da equipe docente e de apoio;
● Definir as prioridades que impactam diretamente para o ótimo desempenho escolar, colocando o aluno no centro do processo educativo;
● Incentivar, apoiar e oferecer capacitações para toda a equipe. A formação contínua dos professores é algo que os líderes de cada escola não podem deixar de lado. Precisam oferecer oportunidades de desenvolvimento para acompanharem o movimento das mudanças no mundo atual.
● Estabelecer uma gestão financeira equilibrada;
● Zelar pela boa comunicação com toda a comunidade escolar. Analisar, divulgar e utilizar os resultados obtidos pela instituição de ensino e realizar tudo que precisa ser melhorado;
● Adotar as tecnologias que possam otimizar o trabalho docente e a organização escolar;
● Avaliar continuamente a performance de toda a equipe;
● Adotar práticas regulares de feedback e feedforward. Reconhecer e valorizar as boas práticas. Orientar e mostrar os caminhos para a melhoria quando o desempenho estiver abaixo do esperado;
● Zelar pelo clima reinante na escola. É importante ter ciência dos níveis de satisfação da equipe. Educadores e estudantes felizes possuem melhores desempenhos;
● Se autoavaliar como gestor e realizar uma análise crítica no que precisa melhorar. Lembrando que uma sistemática de avaliação de desempenho não deve ser somente dos alunos e da equipe, mas de todos que participam do processo educativo.
Não podemos continuar a ser “o país do futuro”. As políticas e diretrizes públicas juntamente com as práticas de gestão, implementadas por cada líder educacional, precisam acontecer agora e continuar sendo implementadas por todas escolas e redes educacionais sem perdermos o foco da importância desta transformação para o nosso Brasil.
Sonia Simões Colombo
CEO da HUMUS Educação, Presidente do Instituto ELA Educadoras do Brasil e Curadora do GEduc – Congresso Brasileiro de Gestão Educacional
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