Introdução
O atual modelo de ensino brasileiro enfrenta desafios significativos que dificultam sua capacidade de atrair os jovens, atender às necessidades da vida real e do mundo do trabalho, e acabam afastando os estudantes mais carentes de alcançarem a conclusão de seus estudos. Nesse contexto, é amplamente reconhecido por educadores em todo o mundo que a educação formal precisa se concentrar no desenvolvimento de habilidades fundamentais para as carreiras do futuro que estão se aproximando rapidamente. Para isso, é necessário estimular as capacidades e aptidões dos alunos, preparando-os para um mundo em constante transformação, valorizando tanto as habilidades técnicas quanto as chamadas Soft Skills, e oferecendo oportunidades de internacionalização do currículo, como o exemplo de um Duplo Diploma já no Ensino Médio.
Valorizando a Educação Internacional Na economia global moderna, a educação para a internacionalização é considerada uma necessidade essencial e não apenas uma vantagem adicional. Reconhece-se que o Brasil possui um talento humano de qualidade que muitas vezes supera a capacidade de suas próprias universidades. No entanto, com exceção de algumas instituições de ensino de renome, a educação universitária brasileira nem sempre consegue aproveitar plenamente esse potencial de talentos. Portanto, é desejável e justificado que cada vez mais estudantes busquem a educação universitária no exterior, expandindo seus horizontes e trazendo novas perspectivas para a construção de um futuro promissor para o país.
A internacionalização do ensino não apenas possibilita o acesso a uma educação de qualidade em instituições estrangeiras, mas também proporciona um enriquecimento cultural e intelectual inigualável. Ao vivenciar diferentes culturas e abordagens educacionais, os alunos se tornam mais adaptáveis, tolerantes e abertos ao diálogo intercultural. Essas experiências enriquecedoras não só contribuem para o desenvolvimento pessoal dos estudantes, mas também para o crescimento de suas habilidades de comunicação, resolução de problemas e liderança, todas essenciais para se destacarem no cenário global.
Outro aspecto importante da educação internacional é a possibilidade de aprender novos idiomas. O multilinguismo é uma competência altamente valorizada no mercado de trabalho globalizado, pois abre portas para oportunidades profissionais em diversos países. Além disso, dominar mais de uma língua permite uma compreensão mais profunda das diferentes culturas e perspectivas do mundo, facilitando a cooperação internacional e a construção de relações de negócios e diplomáticas mais sólidas.
Repensando a Avaliação e o Papel da Escola
O modelo educacional brasileiro atual ainda é conteudista e afastado da realidade dos alunos, independentemente de sua classe social. Ao final do ensino médio, o critério predominante para entrar em uma universidade no Brasil é um exame que avalia toda a história acadêmica dos estudantes, sem levar em conta quem eles são ou suas experiências de vida. A única habilidade avaliada para o acesso ao ensino superior no Brasil é a capacidade de memorização. No entanto, habilidades diversas não podem ser desconsideradas, pois podem e devem ser desenvolvidas, e é exatamente isso que universidades estrangeiras fazem ao selecionar seus alunos. Ao conviverem em diferentes meios sociais, culturais e religiosos, os estudantes têm a oportunidade de descobrir e desenvolver habilidades que também precisam ser valorizadas em seu desenvolvimento pessoal e preparação para a vida adulta e o mundo do trabalho. É isso que torna cada aluno único, e esse perfil é avaliado e valorizado por universidades internacionais no processo de admissão também.
Avaliação Baseada em Habilidades e Conquistas Individuais
A avaliação baseada na história de vida do aluno, como é adotada nos processos de ingresso em universidades americanas, por exemplo, valoriza as conquistas individuais, habilidades desenvolvidas, capacidade de liderança e perspectivas futuras. Preparar os alunos para o mundo, pensando globalmente e agindo localmente, é um dos desafios que a escola deve enfrentar. A educação internacional proporciona aos alunos uma enorme vantagem competitiva, pois o contato com novas culturas e perspectivas amplia o conhecimento e a criatividade para lidar com os desafios diários.
Além da vantagem competitiva, é importante ressaltar o crescimento pessoal e profissional que acompanha o diploma internacional. A experiência com o mundo estrangeiro traz conhecimento e habilidades para lidar com as dificuldades cotidianas, tornando os alunos mais preparados para enfrentar os desafios da vida adulta e do mundo do trabalho.
Repensando a Formação de Professores
Para que a valorização de habilidades e a promoção da educação internacional sejam efetivas, é crucial repensar a formação dos professores. Os educadores devem ser capacitados para adotar metodologias de ensino mais interativas, incentivando a participação ativa dos alunos na construção do conhecimento. Além disso, é fundamental que os professores estejam atualizados em relação às tendências e demandas do mercado de trabalho global, de modo a preparar os estudantes para as carreiras do futuro.
Promover programas de capacitação para os docentes que incluam intercâmbios e imersões em instituições de ensino estrangeiras pode ser uma estratégia eficaz. Dessa forma, os professores terão a oportunidade de vivenciar na prática as melhores práticas educacionais em outros países e, assim, incorporar essas experiências enriquecedoras em suas aulas no Brasil.
Conclusão
Valorizar habilidades e promover a educação internacional são passos cruciais para repensar o modelo de ensino brasileiro que queremos. Preparar os estudantes para as demandas do futuro, enfatizando habilidades técnicas e Soft Skills, além de oferecer oportunidades de internacionalização, proporcionará aos jovens uma vantagem competitiva e um crescimento pessoal e profissional significativo. Ao adotar métodos de ensino mais interativos e focados na construção do conhecimento, a escola se tornará um ambiente mais estimulante e alinhado às necessidades dos alunos na sociedade contemporânea.
O investimento necessário na formação contínua dos professores é essencial para garantir a qualidade da educação e o preparo dos alunos para os desafios globais do século XXI. Através de uma abordagem pedagógica mais centrada no aluno, capaz de desenvolver suas habilidades e competências, estaremos construindo uma sociedade mais preparada para enfrentar as mudanças e oportunidades trazidas pela globalização.
Em suma, repensar o modelo de ensino brasileiro, valorizando habilidades e promovendo a educação internacional, é fundamental para preparar as novas gerações para um mundo cada vez mais conectado e competitivo. Ao adotar uma abordagem holística, que reconheça a diversidade de talentos e potenciais dos estudantes, estamos pavimentando o caminho para uma educação mais inclusiva, atualizada e sintonizada com as demandas do século XXI. Somente assim, seremos capazes de construir um futuro promissor para o Brasil e seus cidadãos.
Lara Crivelaro é fundadora da EFÍGIE Educacional, empresa que promove a internacionalização entre alunos e instituições internacionais e fundadora da Efígie Academy, empresa focada em preparação online para internacionalização de estudantes. É co-fundadora do Educbank e ocupa o cargo de diretora de assuntos acadêmicos. Autora de quatro livros – o mais recente lançado no BETT Brasil 2022 pela Alínea Editora com o título “Transformações do cenário escolar e educacional brasileiro: novas percepções e novos caminhos”.
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