Uso de inteligência artificial, cuidados com a saúde mental de alunos e professores e articulação entre ensino básico e superior são desafios
A 22ª edição do GEduc, principal congresso de gestão educacional do país, aconteceu nos dias 3 a 5 de abril de 2024 na capital de São Paulo. Com mais de 1.600 participantes, 67 expositores e 80 palestrantes, o evento reuniu diversas lideranças da área, que discutiram sobre as principais questões e tendências da educação brasileira.
Durante o congresso, também foi realizada uma pesquisa inédita, o Indicador GEduc, sobre temas de interesse do setor. O levantamento foi feito com 116 líderes educacionais, incluindo participantes da Educação Básica e do Ensino Superior. Os resultados da pesquisa mostraram que a utilização de Inteligência Artificial (IA), os cuidado com a saúde mental de estudantes e docentes e as parcerias entre instituições dos dois níveis de ensino são alguns pontos sensíveis nos quais as instituições podem avançar.
Inteligência artificial
Em 2023, o termo “Inteligência Artificial” foi considerado a palavra do ano pelo dicionário inglês Collins. No GEduc, esse tema apareceu em diferentes palestras ao longo dos três dias, incluindo debates sobre metodologias inovadoras, protagonismo do aluno e habilidades socioemocionais. A ferramenta, que já tem sido utilizada por estudantes e docentes, precisa ser abordada na sala de aula.
No entanto, 61,5% dos participantes da pesquisa afirmaram que professores e alunos não têm usado a IA de forma direcionada pela instituição. Ou seja, eles não têm sido instruídos a lidar da maneira adequada com essa tecnologia, o que deveria envolver orientação para explorar os recursos e conhecer as limitações e os riscos da ferramenta.
Saúde mental
Os transtornos de saúde mental que podem acometer os jovens são uma das grandes preocupações dos pais e educadores. Segundo o boletim do Instituto Unibanco sobre o tema, casos de depressão, ansiedade e agressividade crescem no ambiente escolar, ao mesmo tempo em que as famílias têm relatado dificuldades dos adolescentes em controlar as emoções, além deles se sentirem sobrecarregados, tristes e deprimidos.
Nesse contexto, o Indicador GEduc mostrou que 40,2% das instituições de ensino que participaram da pesquisa não têm uma política estruturada de saúde mental para os alunos e professores. A escola é o ambiente em que os estudantes passam grande parte do tempo, e problemas relacionados à aprendizagem e a relacionamentos podem agravar esse quadro. Assim, os gestores devem estar atentos e desenvolver ações para cuidar do bem-estar de seus funcionários e alunos.
Integração da educação básica e do ensino superior
Integrar as ações destinadas à educação básica e ao ensino superior, de modo a superar os seus desafios e destacar as suas potencialidades, foi o tema de uma das palestras do GEduc. Essa articulação é importante, já que a educação é um processo contínuo, cabendo às instituições prepararem os alunos para os desafios da vida universitária e do mercado de trabalho. Uma das formas de conectar esses dois níveis de ensino é por meio de parcerias para o desenvolvimento de ações conjuntas.
De acordo com a pesquisa, em relação às escolas de Educação Básica, 36,8% delas afirmaram que têm parcerias com instituições de ensino superior. Por outro lado, apenas 14,5% das instituições de Ensino Superior declararam se integrar com escolas, evidenciando que essa questão precisa ser melhorada para a conquista de melhores resultados acadêmicos.
Inclusão e uso de dados
O levantamento também abordou temas relacionados à educação inclusiva e ao uso de dados para delinear estratégias pedagógicas e curriculares. A maioria das instituições consultadas tem utilizado a análise de dados para essa finalidade (77,8%) e possui práticas estruturadas para educação especial e inclusiva (73,5%).
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