Desenvolver o autoconhecimento e a inteligência emocional e oferecer informações e reflexões para a escolha profisional ajudam na formação de cidadãos preparados para os desafios do século XXI
Atualmente, a nossa vida não é mais percebida a partir de uma perspectiva binária, como já foi há alguns anos - no sentido de haver uma separação clara dos momentos e dos papeis que desempenhávamos, o que organizava as narrativas dos acontecimentos. Antes, havia uma idade para estudar, trabalhar e se aposentar e uma compreensão superficial sobre as questões de gênero, entre tantos outros exemplos.
O mundo de hoje avançou nesses e em outros aspectos, ao compreendermos a importância do aprendizado constante (lifelong learning) e da diversidade para enfrentarmos os desafios do mundo atual e construirmos uma sociedade mais plural, justa e igualitária. Essa é a consciência dos novos tempos para os quais é preciso preparar as crianças e jovens a fim de que sejam cidadãos autônomos, éticos e cientes das suas responsabilidades.
“Para tal, não é preciso reinventar a roda, pois temos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com as suas habilidades e competências muito bem descritas. O importante é desenvolver ações, não só voltadas ao desenvolvimento de competências socioemocionais de crianças e de adolescentes, mas também de educadores e familiares”, diz Leo Fraiman, psicoterapeuta e palestrante internacional.
Segundo ele, a educação precisa avançar na percepção de que o “cliente” não é apenas o aluno, mas toda a sua família. “Afinal, as relações entre família e escola estão cada vez mais frágeis e até bélicas em diversos contextos. É preciso recobrar ou até construir a aliança e a parceria entre essas duas instâncias, justamente para aprimorar não só o andamento, mas também o rendimento escolar dos educandos”.
Ele destaca a importância do trabalho com as competências socioemocionais e o projeto de vida nas escolas. “Todo e qualquer professor pode oportunizar reflexões sobre a vida e sobre as atitudes que a transformam. Mas, hoje, precisamos adotar um novo lema: faça aquilo que é o certo, aquilo que é bom para você e para os demais. Viva a partir de propósitos. É isso que funciona”.
Projeto de vida e competências socioemocionais
A BNCC propõe o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida. Já nas competências gerais da educação básica, o documento indica “valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade”.
Nessa direção, a escola deve dar condições para que os estudantes reconheçam suas potencialidades e vocações, identifiquem perspectivas e possibilidades acadêmicas e profissionais e elaborem aspirações e metas de formação e inserção profissional. Isso para que desenvolvam uma postura empreendedora, ética e sustentável para transitar no mundo do trabalho e na sociedade em geral e identificar formas de participação e intervenção social para concretização de seu projeto de vida. Também é importante abordar a ampliação do repertório de profissões, estimulando o aluno a perceber que todas as carreiras e ocupações são relevantes e conectadas umas às outras e que não existe “profissão de mulher ou de homem”.
Nesse contexto, o trabalho com as competências socioemocionais trata de autoconhecimento, valores, virtudes, relações consigo mesmo e com os outros, desenvolvendo a inteligência emocional e a capacidade de viver bem consigo e em sociedade, de traçar planos e de viver uma vida com sentido e propósito.
“Quando orientamos crianças e adolescentes a viverem a partir de um propósito, isso significa transcender. O significado do verbo é escolher: eu posso não ter vontade, mas faço mesmo assim. Da mesma forma como eu posso ter vontade e não fazer mesmo assim”, explica Fraiman. O grande objetivo do trabalho com o projeto de vida é plantar a semente do amanhã, que será regada por uma atitude protagonista diante da vida”, afirma o especialista.
Leo Fraiman falará sobre o tema “Projeto de vida e competências socioemocionais: formando uma consciência para os novos tempos” no GEduc 2024.
O GEduc é o maior Congresso de Gestão Educacional do país. Realizado pela HUMUS, empresa que desenvolve capacitações para gestores de universidades e escolas, o evento reunirá mais de 80 palestrantes e conteúdos inovadores para discutir o tema “Educação por essência: construindo trajetórias”. Serão três dias – de 03 a 05/04 – de imersão às novidades e tendências da área educacional. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo link.
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