Luciano Szafir explica como a instituição de ensino e os familiares possuem papéis complementares relevantes para a formação do indivíduo
No Brasil, apenas 50,2% dos alunos afirmam que os pais têm interesse pelas atividades escolares, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa). Esse dado coloca o país na 24ª posição em um ranking de 49 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
A participação dos parentes na vida acadêmica das crianças e adolescentes é de extrema importância para todas as partes envolvidas. Luciano Szafir, ator, apresentador e presidente do Instituto Formando Leitores, pretende contribuir para o debate sobre a união entre família e escola, de forma a promover uma reflexão coletiva para o aprimoramento desse relacionamento em prol do desenvolvimento educacional e social dos alunos.
A importância da união entre a família e a escola
Segundo o especialista, a sintonia entre os responsáveis e a instituição de ensino amplia o desenvolvimento da criança e o processo de aprendizagem. “Ao unirem esforços, proporcionam ao aluno a oportunidade de vivenciar experiências educativas tanto na escola quanto no convívio familiar”, diz ele. “Essa colaboração fortalece a formação do indivíduo, preparando-o para sua inserção na sociedade em constante transformação”.
Luciano afirma que ambas desempenham papéis complementares no desenvolvimento integral do ser humano. “Enquanto a escola busca o desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo dos estudantes por meio da aprendizagem contextualizada, a família é fundamental para o primeiro contato do indivíduo com a sociedade, construindo as primeiras relações afetivas, sociais e cognitivas”.
Na mesma pesquisa do Pisa, foi constatado que os estudantes com pais participativos na vida acadêmica apresentaram a média de desempenho em ciências de 414,08 pontos. Enquanto isso, os filhos de responsáveis que não mostraram interesse na escola tiveram 357,19 pontos. Essa diferença é equivalente a quase dois anos de estudo a menos no grupo que teve a menor nota.
Como construir esse relacionamento?
O presidente do Instituto Formando Leitores conta que a relação estável entre família e escola pode ser construída através de uma comunicação aberta e regular. Ele cita iniciativas como reuniões periódicas, encontros informais e meios digitais, que facilitam o diálogo entre pais e educadores.
Além disso, o especialista diz ser essencial que ambas as partes reconheçam a importância do papel desempenhado pela outra na formação integral do aluno. “A compreensão mútua das expectativas e desafios contribui para a criação de um ambiente colaborativo, fortalecendo o desenvolvimento da criança em diferentes contextos educativos”.
Afinal, apesar de muitos profissionais de educação relatarem dificuldades em construir a integração entre pais e alunos, os professores não podem fazer o papel dos responsáveis. A família precisa ser estimulada a participar ativamente dos projetos escolares e processos de aprendizagem das crianças e adolescentes.
Problemas e soluções no processo
Dentre os principais problemas enfrentados pela escola ao tentar se comunicar com a família, Luciano cita a falta de tempo dos pais, muitas vezes devido a jornadas de trabalho longas e compromissos, o que resulta em transferência de responsabilidade para orientação e cuidado dos filhos. “Em casos extremos, as crianças podem acabar cuidando de si mesmas e dos irmãos”.
Ele também diz que as famílias podem apresentar ambientes com características variadas, como afetividade, segurança, medos, ambivalência, rejeições, preconceitos e até violência. Segundo um relatório da Unicef, duas em cada três crianças na América Latina e no Caribe sofrem violência dentro de casa.
Para superar esses desafios, o especialista sugere que a escola e os professores conheçam as particularidades e características dos estudantes com os quais lidam, reconhecendo a influência significativa do contexto familiar na formação do educando. “Um trabalho conjunto comprometido com o aprendizado do aluno é necessário para melhorar a qualidade da relação entre família e escola”.
Luciano Szafir falará sobre o tema “Família e escola - uma união necessária” no GEduc 2024.
O GEduc é o maior Congresso de Gestão Educacional do país. Realizado pela HUMUS, empresa que desenvolve capacitações para gestores de universidades e escolas, o evento reunirá mais de 60 palestrantes e conteúdos inovadores para discutir o tema “Educação por essência: construindo trajetórias”. Serão três dias – de 03 a 05/04 – de imersão às novidades e tendências da área educacional. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo link.
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